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Quem tiver interesse em conhecer ainda melhor o pensamento Borderline pode acessar o blog Re-Tecendo a Vida – A Vida de Uma Borderline e ler os vários depoimentos de pessoas que receberam o diagnóstico. O filme Borderline – Além dos Limites, embora seja uma obra de ficção, também retrata o comportamento de uma mulher com o Transtorno de Personalidade, mostrando em cenas explícitas sua intensidade e falta de limites. Trailler
Transtorno de Personalidade Borderline – O que é?
“O pensamento suicida é constante, tenho muito baixa auto estima, me odeio, choro todos os dias por estar em uma situação sem saída. A única solução que vejo é o cinema. Parece que quando assisto um filme minha alma encosta em meu coração e diz: Está tudo bem. Eu também sofro. Continue pois eu estarei com você. É a minha solidão me fazendo companhia.
Agora estou eu, em minha solidão, escrevendo as 4 da manhã para tentar destruir o indestrutível: meu ódio por ser assim… uma estranha
Por ser estranha me sinto um lixo. Não consigo ter amigos, pois penso que eles estão me julgando mal o tempo inteiro.
Não converso com as pessoas olhando no olho. Me encolho e abaixo minha cabeça para ninguém “ler meus pensamentos”. Por isso, por essa mania de que estão todos lendo meu pensamento a todo tempo, eu me tornei muito sensitiva.
Sinto as coisas no ar, se estão tirando sarro de mim sem falar uma palavra, pela fisionomia do rosto. Alguém entende isso?
Sou completamente paranóica e o álcool me ajuda apesar de o dia seguinte ser horrível, pois ele é uma droga depressora.”
O recorte acima foi retirado do blog Re-Tecendo a Vida – Vida de Uma Borderline e corresponde ao post “Depoimento Borderline – Isabela“, no qual uma jovem que se autodenomina Isabela fala sobre seu sofrimento ao romper com o namorado. Embora não defina a forma de pensar e sentir das pessoas diagnosticadas com Transtorno de Personalidade Borderline, representa um belo exemplo da forma intensa com que elas sentem e vivem a vida.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana – DSM IV, a característica essencial dos Boderlines “é um padrão invasivo de instabilidade dos relacionamentos interpessoais, auto-imagem e afetos, e acentuada impulsividade que começa no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos”. O diagnóstico deve levar em consideração, ainda, os seguintes sintomas:
(1) esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginado.
(2) um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização
(3) perturbação da identidade: instabilidade acentuada e resistente da auto-imagem ou do sentimento de self
(4) impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais à própria pessoa (por ex., gastos financeiros, sexo, abuso de substâncias, direção imprudente, comer compulsivamente).
(5) recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante.
(6) instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade do humor (por ex., episódios de intensa disforia, irritabilidade ou ansiedade geralmente durando algumas horas e apenas raramente mais de alguns dias)
(7) sentimentos crônicos de vazio
(8) raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva (por ex., demonstrações freqüentes de irritação, raiva constante, lutas corporais recorrentes)
(9) ideação paranóide transitória e relacionada ao estresse ou severos sintomas dissociativos
Ainda conforme os dados apresentados pelo DSM IV, o Transtorno de Personalidade Borderline atinge cerca de 2% da população mundial, aproximadamente 10% dos pacientes vistos em clínicas de serviços e 20% dos casos de internação em hospitais psiquiátricos. Entre 30 e 60% dos diagnosticados com algum transtorno de personalidade recebem o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline. De acordo com a Psiquiatra Ana Beatriz Silva, estes números podem não corresponder à prevalência real do transtorno, já que seu diagnóstico é complexo e a maioria dos profissionais não consegue reconhecê-lo.
Conforme explica a Psiquiatra, o Transtorno de Personalidade Borderline frequentemente é confundido com outros transtornos, principalmente o Transtorno de Humor Bipolar -, alguns pacientes levam 10 anos até receberem o diagnóstico correto . Confira no vídeo sua entrevista, na qual descreve detalhes sobre o que significa Transtorno de Personalidade Borderline. São apresentadas suas características e principais diferenças em relação aos transtornos com os quais se confunde.
A história de Kiki é mostrada em diferentes fases de sua vida. Com a mãe internada, ela é criada pela avó, que não se preocupa com ela. Seu refúgio é a escola. Sua vida antes dos 30 está bem longe de ser um conto de fadas. Ela se envolve com diversos homens, um após o outro. Sexo e álcool são suas únicas saídas e sua rotina. Mas aos 30 anos, Kiki enfrenta o maior de todos os desafios: aprender a amar a si mesma. Adaptação dos romances Borderline e La Brèche, da canadense
No início parece um filme erótico e sem sentido, mas, com o desenrolar da história, as coisas se tornam mais claras e o comportamento impulsivo e sem limite da personagem parece cada vez mais marcante. Não é um filme fácil de assistir, mas, quem para tem interesse em conhecer o estilo de vida de um Border, vale a pena se arriscar.
O tratamento do Transtorno de Personalidade Borderline é feito em conjunto por Psiquiatra e Psicólogo. O primeiro controla as crises, sintomas e riscos através de medicação; e, o segundo, desenvolve junto ao paciente estratégias para que ele possa superar os próprios “fantasmas” e dificuldades. É comum a família também precisar de assistência, dada a excessiva demanda emocional do Border. Nestes casos é indispensável que os terapeutas trabalhem em conjunto, discutindo os casos e buscando formas de alinhar os tratamentos.