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Bebendo com Segurança no Final do ano

 

Você já sabe onde irá passar o Natal e o Réveillon? Em casa com a família, na boate ou no bar com os amigos, esta época costuma estar associada a muita festa e diversão. E é justamente neste clima de alegria em que acontecem os maiores desastres associados ao álcool. Pesquisas recentes o associam a de cerca de 50% dos acidentes fatais no trânsito, 50% de todos os homicídios, 30% dos suicídios e a uma grande quantidade de comportamentos agressivos (1).  Ele é considerado hoje a terceira principal causa de morte no mundo (2), figurando também entre os principais fatores desencadeantes de uma série de doenças do fígado, psiquiátricas, síndrome fetal alcoólica, cânceres, sexo sem proteção e problemas cardíacos, de acordo com um relatório da Organização Mundial de Saúde – OMS (3).

Mesmo com todas as falhas inerentes ao sistema – tais como fiscalização inadequada, falta de incentivo a comportamentos alternativos a dirigir embriagado –, a implementação da lei seca gerou uma redução significativa no número de mortes acidentais no trânsito, chegando a 32,5% no Rio de Janeiro e 18,4% no Espírito Santo. Entretanto, muitas outras medidas ainda devem ser adotadas para que tenhamos uma redução efetiva em todo o país, que teve uma taxa geral de apenas 7,4% de acidentes a menos (4).
A eminência de punição para quem bebe não faz com que estas pessoas deixem de beber, até porque, para muitas, a diversão está diretamente relacionada à embriaguez. O que acontece na grande maioria das vezes é que estas pessoas burlam a fiscalização e continuam expondo a si próprias e aos outros aos mesmos riscos – isto por pura falta de conhecimento de algumas estratégias que ajudam a controlá-los.  Hoje vamos falar de algumas delas aqui. O texto não trata apenas de medidas de proteção para o trânsito, mas também para a saúde de maneira geral, e claro, sobre como evitar a ressaca no dia seguinte. As estratégias descritas compõe o que se chama Política de Redução de Danos para o consumo de álcool, e quem se interessar por conhecê-las melhor, pode fazê-lo acessando o link 3 ao final deste texto.

Bebendo com Segurança e Evitando a Ressaca

1) Escolha bem o que vai beber e não misture: Sempre existe aquela bebida com a qual não nos damos bem. Evite-a. Não é necessário beber só para mostrar aos amigos que consegue fazê-lo. Isso é amadorismo. Evitar bebidas com alto teor alcoólico ou usá-las em menor proporção também é recomendado. Por fim, não misture. Bebedores experientes sabem que existem certas misturas que são explosivas que, além de causarem uma ressaca insuportável no dia seguinte, provocam danos maiores à saúde e os expõe a riscos desnecessários.

2) Tome muita, mas muita água enquanto bebe: Boa parte dos efeitos nocivos do álcool devem-se ao fato de que ele desidrata o organismo.   O ideal é intercalar um copo de bebida e um copo de água. Tome pelo menos mais alguns copos de água depois da festa. Faça isso e vai perceber que no dia seguinte estará novo! A ingestão de outras bebidas não alcoólicas também ajuda, embora não substitua a água em termos de benefícios ao organismo.

3) Alimente-se antes e enquanto bebe: Quando você bebe com o estômago vazio, o seu organismo está mais sensível aos efeitos nocivos do álcool. Ele afeta mais os rins, você se embriaga mais rápido e aumentam as chances de uma ressaca “daquelas” no dia seguinte. Dê preferência às frutas, ovos e gorduras de maneira geral.

4) Crie um ambiente seguro: Já ouviu falar no “Motorista da Rodada” ou do “Taxi de Fim de Festa”? São boas estratégias.  Outras medidas de segurança incluem usar roupas confortáveis e discretas, sapatos anti-derrapantes, beber próximo a pessoas de confiança, não portar pertences de alto valor afetivo ou financeiro, não portar qualquer tipo de objeto que possa funcionar como arma, não beber próximo a piscinas ou outros lugares de risco.  Avalie o contexto e veja o que pode ser feito para aumentar sua segurança.

5) Beba devagar: Beber devagar contribui para que o organismo metabolize pelo menos parte do álcool ingerido, o que reduz não só a embriaguez, como também os riscos em longo prazo do uso da bebida.

6)  Ressaca não cura ressaca: Beber para curar ressaca apenas atrasa sua chegada, mas  não a evita. Além disso, traz diversas outras consequências associadas ao acúmulo de álcool no sangue. É também um dos principais fatores que induzem à dependência alcoólica.

7) Tome um analgésico antes que a dor de cabeça comece: Tomar um analgésico no dia seguinte, antes da cabeça começar a doer, também ajuda a evitar a ressaca.  Apenas tenha cuidado para que isto não se torne um hábito. E se você seguiu as dicas anteriores, esta dica é desnecessária.

8) Álcool não é sinônimo de diversão: Se você acredita que a diversão está, necessariamente, associada ao álcool, tem alguma coisa errada ai. Procure entender porque é que você não consegue se divertir sem beber. Será que falta habilidade? Timidez? Lembre-se que, muitas vezes, a diversão do bêbado é o que estraga a festa do sóbrio que está por perto. Não “pague de chato” para seus amigos.

Observe que o foco do texto não é no comportamento de beber em si, mas nos riscos aos quais a pessoa está exposta ao emiti-lo. O ideal é não beber, mas como muitos não conseguem abrir mão de uma cervejinha com os amigos nesta época, nada  mais justo do que falar de estratégias que comprovadamente reduzem os danos associados ao álcool. No mais, desejo a todos um excelente final de ano e muito sucesso no ano que se inicia.

Links consultados

(1)  Revista de Psiquiatria Clínica (2008). Custos dos problemas causados pelo abuso do álcool.
(2) Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Alcoolismo: dados.
(3) Ministério da Saúde (2004). Álcool e Redução de Danos: uma abordagem inovadora para países em transição.
(4) Revista Época (2010). Com lei seca, número de mortes causadas pelo trânsito diminui 6,2% em 1 ano no Brasil.
(5) Banco de Saúde. Como evitar ressaca: as dicas comprovadas.
(6) Saúde Dicas. Ressaca: conselhos para evitar a ressaca.

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Esequias Neto é Psicólogo (CRP: 04/35023) Clínico e Empresarial, especializando em Terapia Analítico Comportamental pelo ITCR – Campinas. É sócio proprietário do Instituto Crescer: Desenvolvimento Humano e Organizacional, onde realiza consultoria em recursos humanos e atendimento clínico, nas modalidades adulto, infantil, casal e grupo. É coordenador pedagógico do Instituto de Psicologia Aplicada – InPA (Brasília – DF), onde além de coordenar a organização e realização de cursos, ministra aulas de Terapia Analítico Comportamental e realiza Orientação Psicológica Online. É proprietário do site Comporte-se: Psicologia Científica, no qual escreve para profissionais, estudantes de Psicologia e demais interessados na PPBE – Prática Psicológica Baseada em Evidências. E-mail: neto@institutocrescer.com. Celular: (34) 8406 8181./ Fixo: (34) 3061-7043

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