Como posso saber se possuo um Transtorno Mental?
Não é fácil reconhecer um transtorno mental. Muitos deles são bastante parecidos com o funcionamento humano saudável e, em muitos casos, tem características bastante valorizadas socialmente. É o que ocorre, por exemplo, em algumas manifestações do Transtorno Obsessivo Compulsivo (especialmente aquelas em que a pessoa é extremamente produtiva ou organizada), na Ortorexia (obsessão pela dieta perfeita), na Bulimia, na Anorexia e em outras condições. São situações em que apesar de parecer que está tudo bem – e a própria pessoa chega a acreditar nisso –, existem sérios prejuízos a outras dimensões da vida ou um sofrimento intenso é experimentado pelo indivíduo. Ainda assim, existem sinais que, se observados com atenção, podem funcionar como pistas de que a saúde mental precisa de cuidados profissionais.
A Associação Psiquiátrica Americana elaborou um guia listando estes sinais. Confira, abaixo, uma tradução adaptada delas:
– Desinteresse social: perda do interesse em outras pessoas ou recente atitude de isolamento.
– Queda no funcionamento: alteração incomum no funcionamento da pessoa em qualquer área ou dimensão da vida, como nos estudos, trabalho ou interações sociais (ex.: desistir de esportes, faltar às aulas, passar a evitar atividades familiares e sociais, etc.).
– Problemas de pensamento: dificuldade de concentração, problemas com a memória, desorganização da fala, pensamento ilógico ou discurso difícil de explicar (ex.: histórias mirabolantes, pouco factíveis).
– Sensibilidade aumentada: aumento da sensibilidade a imagens, sons, cheiros ou toque e consequente evitação de situações em que esse tipo de estimulação esteja presente.
– Apatia: perda do interesse e da iniciativa para participar de qualquer atividade.
– Sensação de desconexão: um vago sentimento de estar desconectado de si mesmo ou das coisas ao redor, ou ainda, uma sensação de irrealidade.
– Nervosismo: agitação psicomotora, agitação mental ou irritabilidade acima do comum ou fortes o suficiente para causar prejuízos ou sofrimento a quem as experimenta.
– Alterações no sono ou apetite: aumento ou redução significativa na vontade ou na capacidade de dormir ou comer.
– Comportamento incomum: atitudes estranhas, pouco características daquela pessoa ou da cultura em que ela vive.
– Mudanças de humor: alterações rápidas ou intensas das emoções.
Outros sinais importantes, mas não inclusos na lista da Associação, são:
– Sofrimento intenso, contínuo ou excessivamente frequente/ repetitivo diante de situações ou experiências rotineiras do dia a dia, como interações sociais, trabalho, convivência familiar, estudos, ou, ainda, em atividades aparentemente simples para outras pessoas, como dirigir, sair de casa, dormir, comer de maneira equilibrada, fazer sexo, entre outras.
– Descontrole do comportamento ou comportamento impulsivo, caracterizado por constantes explosões ou atitudes que produzem danos a dimensões importantes da vida, como relacionamentos, trabalho, saúde, segurança ou outras.
– Sensação ou percepção de que a vida faz pouco sentido, de que não é capaz ou não merece experimentar emoções positivas ou viver experiências agradáveis.
– Intensidade elevada ou incontrolável da experiência de emoções desagradáveis, como cansaço, tristeza, culpa, desgaste emocional, entre outras, por longos períodos ou de maneira repetitiva, associada ou não à incapacidade de experimentar emoções agradáveis.
– Abandono de atividades (sociais, de trabalho, acadêmicas, esportivas ou outras) importantes para a vida daquela pessoa em particular, ou ainda, dificuldade relevante (falta de iniciativa, sofrimento intenso relacionado a se envolver nelas ou dificuldades de outro tipo) para inicia-las ou dar continuidade a elas.
– Controle excessivo do comportamento ou do humor, caracterizado por rigidez ou inflexibilidade na forma de pensar, agir ou sentir ou por intolerância ou incapacidade para lidar com variações na rotina.
– Pessoas com pensamentos suicidas ou com intenções de prejudicar outras pessoas merecem atenção imediata.